terça-feira, 29 de setembro de 2009

(Tanta coisa de ti que nada sei)

Tão altas as primeiras árvores.
Vem a primavera destruí-las.
Fulgores fugazes os cabelos
à poeira do céu.

A alma pisada de caminhos,
o meigo revólver do olhar
vêem-te partir.
Por essa cidade, perdido
na suavidade da chuva.

Rasgam de novo as mãos
o inexpugnável nome
dos amantes, a flor secreta
que dizia a tua boca.

Tanta coisa de ti que nada sei.

Joaquim Manuel Magalhães, Segredos, Sebes, Aluviões, Colecção Forma, Editorial Presença, 1985.

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