Aqui e além cortada por brilhantes sóis;
A chuva e os trovões fizeram tais estragos
Que poucos frutos rubros no jardim me sobram.
E eis-me já em pleno outono das ideias,
quando é preciso usar os ancinhos e a pá
Pra arranjar outra vez a terra, após a cheia,
Onde a água escavou, quais tumbas, grandes valas.
E quem sabe se as flores que eu sonho, renovadas,
Poderão encontrar nessa areia lavada
O místico alimento que lhes dê vigor?
Ó dor! Ó minha dor! O tempo engole a vida,
E o que nos rói o peito, esse obscuro Inimigo,
Com o sangue que perdemos cresce e ganha força!
Charles Baudelaire, As Flores do Mal, Fernando Pinto do Amaral (trad.), Assírio e Alvim, 1992.
Este livro é que já não se encontra, nem na feira do livro manuseado. Mas já o re-imprimiam (já nem estou a pedir uma nova edição). Há uma nova geração de leitores de Baudelaire que não lê francês no original e quer muito ter o livro na estante.
Este livro é que já não se encontra, nem na feira do livro manuseado. Mas já o re-imprimiam (já nem estou a pedir uma nova edição). Há uma nova geração de leitores de Baudelaire que não lê francês no original e quer muito ter o livro na estante.
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