terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sou. 4 (Meio Dia da Vida)

Esta noite, o
Meio-dia da vida. Que
Ímpeto das estrelas
Na espuma dos pensamentos!

A meu lado o livro Hegel palavras robustas
Sobre mim o silêncio, arranhando
As minhas superfícies de uma ponta à outra
Em baixo geme de novo, arrasado,
O Olho-azul, meu animal filosófico

Até que, de Nada em Nada, se anuncia
A vontade nua

Com a luz da manhã escureceu
O meio-dia. Névoas esfarrapadas envolviam a casa.
Estou à janela
Esplêndido sobrevivente e
Bebo já de olhos postos na noite
A sua espuma em cálices
Oferecidos a desoras.

Robert Schindel, in Telhados de Vidro, João Barrento (trad.), Inês Dias e Manuel de Freitas (dir.),nº 11, Averno, Novembro de 2008.

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