quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Salmo 3

no dia em que as minhas palavras foram
terra
fui amigo de espigas de trigo

no dia em que as minhas palavras foram
fúria
fui amigo de grilhões

no dia em que as minhas palavras foram
pedra
fui amigo de arroios

no dia em que as minhas palavras foram
revolta
fui amigo de terramotos

no dia em que as minhas palavras foram
cabaças azedas
fui amigo do optimismo

quando as minhas palavras se tornaram
mel
as moscas cobriram-me
os lábios

Mahmûd Darwîsh, aqui. Tradução de André Simões.

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