terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sidi Amar no Inverno

Penso que nunca vi o teu rosto
Num dia de chuva, quando as sombrias artérias do céu
Pulsam junto às árvores, e no teu coração
A água corre. Nunca te vi chorar
Com o monólogo da noite, com a tua mente resistindo ao silêncio.

Chegará o dia em que as linhas do céu
Se desprenderão das torres
E em que tu, que tremes pela noite
Partirás para os lugares sombrios ao lado de um desconhecido.

Paul Bowles, Poemas, Assírio & Alvim, José Agostinho Batista (trad., selec.), Lisboa, 2008.

Sem comentários:

Enviar um comentário