quarta-feira, 12 de agosto de 2009

TU SABES BEM: devo perder-te de novo e não posso.
Como um tiro certeiro me abala
cada acção, cada grito e mesmo o sopro
salino que se agita
nos molhes e faz a sombria primavera
de Sottoripa.

Terra de ferro velho e floresta
de mastros no pó do entardecer.
Um zunido longo vem do espaço aberto,
raspa como uma unha nos vidros. Procuro o sinal
desaparecido, o único penhor que tive como uma graça
tua.
.......E o inferno é certo.

Eugenio Montale, Poesia, Assírio e Alvim, José Manuel de Vasconcelos (trad.), 2004.

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