(...) o dia cinzento, a lâmpada vermelha, eu nunca ouvira uma história assim, contada por uma pessoa assim a não ser da boca dos grandes homens que tinha conhecido na minha juventude, grandes heróis da América de quem tinha sido amigo do peito, com quem vivera aventuras e com quem tinha sido preso e com quem partilhara as alvoradas dissonantes, os rapazes desfalecidos na berma dos passeios, a verem símbolos nas sarjetas a transbordar, os Rimbauds e Verlaines da América na Times Square, putos - nenhuma rapariga alguma vez me comovera com uma história de sofrimento espiritual, a alma dela revelara-se de forma tão bela, a irradiar luz como um anjo a deambular pelo inferno e o inferno eram precisamente as mesmas ruas por onde eu vagueara de olhar atento, em busca de alguém exactamente igual a ela (...)
Jack Kerouac, Os Subterrâneos, Paulo Faria (trad.), Relógio d'Água, 2006.
Jack Kerouac, Os Subterrâneos, Paulo Faria (trad.), Relógio d'Água, 2006.
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