quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Grandes livros, críticos completamente obtusos

Sobre o livro de F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby, escreveu em tempos um crítico do New York Herald Tribune: «o que nunca esteve vivo dificilmente poderá continuar a viver. Por isso, este é um livro de uma só estação.»
É tramado um tipo escrever um livro absolutamente genial e ser lido por um crítico deste calibre. Mais críticos brilhantes (ironicamente falando)aqui. Via Blogtailors.

Pergunto-me o que leva certos críticos a escrever este tipo de pérolas tendo em mãos um livro fantástico. Por vezes, pode ser por se tratar de uma obra de um autor jovem e desconhecido, que não distribuiu apertos de mão e simpatia pelos críticos responsáveis de secções de livros certos, porque não pôde, porque não quis ou porque achou que não precisava. O seu livro pode ser genial, ou pelo menos conter uma centelha de génio, mas um crítico estúpido (nem é necessário ser exigente ou pouco generoso) dirá: «é melhor esperar mais uns aninhos, ver para que lado cai a maçã.»
Pode tratar-se de um autor consagrado, e aí dar-se o (infeliz) caso de os complexos de inferioridade do escritor frustrado que habitam o crítico literário não lhe permitirem dar a mão à palmatória (indesculpável, improvável, mas possível).
O que faz um bom crítico literário, em minha opinião, em primeiro lugar, é ler muito, diacrónica e sincronicamente, ler literatura e (literatura) sobre literatura. Antes de ser crítico ser estudioso. Mas isto não basta. É necessário que tenha um estilo sólido e fluente, de quem nos leva pela mão. Informar-se sobre o que vai ler (antes ou depois de ter lido, é-me indiferente), mas seguramente antes de escrever a sua crítica: observar se existe uma estética vigente quando determinado autor produziu determinada obra, como foi recebida, se influenciou ou não os seus contemporâneos (se existirem dados que permitam esta pesquisa), este tipo de coisas. E, sobretudo, ter um bom sentido estético, que lhe permita avaliar com alguma objectividade (a possível) o texto que tem em mãos.
No fundo, acho que o crítico literário ideal é aquele que é crítico porque é leitor e não que é leitor por ser crítico. E não estou a dizer que existem autores intocáveis para a crítica e para os críticos, mas creio que quem lê Anna Karénina e diz que é lixo sentimental, bom... (grande besta).

3 comentários:

  1. Faltaria falar nestes Blogs e nestes Posts que falam de Livros no impacto e intensidade que eles tiveram em ti e não na crítica.
    Sabes o que o João César Monteiro dizia!? A crítica que se fo... fazendo um gesto com o dedo do meio para a câmera desses magazines culturais que na altura haviam.
    A mim o que me tira do sério não são as críticas, mas antes o falar-se de livros como se estivessemos a falar de carros ou a falar de gajas.

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  2. eu neste artigo não estou a falar de livros, estou a falar de crítica. quando aqui falo de livros, às vezes copio excertos, quando falo digo o que penso deles, no post mesmo acima (se ultimamente não tivesses assumido a causa de fazer comentários lorpas em qualquer caixa de comentários que apanhes num blogue onde eu escreva, em que te queixas de eu não dar a minha opinião sobre as coisas, dou a minha opinião, muito concisamente) sobre o que achei do catcher in the rye do salinger. já agora, na maior parte dos casos, eu não estou muito interessada em dar opiniões, a coisa que mais há no mundo é tipos da nossa idade cheios de opiniões, que muitas vezes não têm ideias nenhumas na base das suas opiniões.além disso, eu sou uma pessoa tímida, posso manter um blogue e guardar para mim a maior parte das minhas opiniões, e limitar-me a assinalar livros que me marcaram, deixando às pessoas margens para ir ver por eles se determinado livro a que aludo lhes interessa. isso chama-se, para o caso de não teres ouvido nunca o termo, informar. reservo-me o direito de escrever a minha opinião num blogue sobre coisas de que tenha ideias, que tenha estudado. a emoção que determinado livro me causa, o motivo por que realmente gostei dele, é entre mim e ele e nem tu nem ninguém com quem eu não queira partilhar a minha opinião tem nada com isso, ok? p.s., não tenho interesse em falar de gajas, não confundo livros com carros e nunca confundi. se para ti é a mesma coisa, problema teu. cheio de putos muito intensos e que gostam muito de livros quando estão a falar deles, está o mundo cheio, vais a ver esses livros não mudaram rigorosamente nada nesses, e eles continuam a ser os sacanas que fazem comentários frustados em blogues, para demonstrar, justamente, que são muito intensos e gostam muito de livros. no fundo, não querem saber de livros para nada, gostam é de falar.

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  3. Há uma coisa que concordo soberanamente, naquilo que dizes: 'o crítico literário ideal é aquele que é crítico porque é leitor e não que é leitor por ser crítico'.

    E, dando olhos com estes comentários prévios, faço apenas um reparo: este blogue, na sua «veia» de informar sobre literatura - para quem realmente se interessa por livros - cumpre bem a sua função.

    Isto levou-me a pensar (e, não vim de maneira nenhuma para aqui com os desabafos), que, de facto, as pessoas andam a perder o gosto pelo livro; ou seja, eu até conheço uns tipos que lêem bastante, mas ao fim ao cabo, é isso mesmo, continuam sempre na mesma medida de grandeza: não ramificam também interiormente na leitura que fazem, e, isso, condiciona toda a visão - que se afunila.

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