sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um académico de Oxford

O meu trabalho dá-me frequentemente a oportunidade de ler textos de académicos e investigadores que escreveram sobre o tema que estou a trabalhar ou sobre conteúdos afins. No último ano li de tudo, desde ensaios sobre demografia na Alexandria do séc. I (há um artigo muito interessante de uma senhora chamada Diana Delia), até livros absolutamente brilhantes e extraordinários, como um tal Aidos, The Psychology and Ethics of Honour and Shame in Ancient Greek Literature, de um tipo chamado Douglas L. Cairns, publicado pela Oxford.
Há académicos muito enfadonhos que nos demonstram como as nossas pálpebras podem pesar vinte e três toneladas mas que na maior parte das vezes produzem textos importantes e necessários, e há outros estudiosos absolutamente brilhantes (sim eu sei que é uma formulação a la Palisse), com uma capacidade de compreensão (e expressão) em relação às motivações, à forma de vida, às ambições de homens que estão cobertos pelo pó de vinte e um séculos, e às vezes mais, extremamente acutilantes. Como fica patente no seguinte excerto:

If the Alexandrines were unstable, flippant, frivolous, superficial, it was because there was nothing to them on which to exercise their brains except trade. Theirs was the tragedy of futility.

Herbert Box, Phillonis Alexandrini In Flaccum, Oxford, 1939.

Não consigo ler isto sem pensar que cada vez mais os homens do nosso tempo se (me) parecem extraordinariamente com os alexandrinos da época helenística. E este senhor fez uma nota extremamente curiosa às linhas acima transcritas: «We may perhaps see something like their tragedy shown in the Cherry Orchard of Tchekov, in its portrayal of the futile lives of some of the russian aristocracy towards the end of Tzarism absolutism.»

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