sexta-feira, 28 de agosto de 2009

MAR (I)

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

*

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

*

Eis que morreste. Mortalmente triste
Divaga a flor da aurora entre os teus dedos
E o teu rosto ficou entre as estátuas
Velado até que o novo dia nasça.

Se nenhum amor pode ser perdido
Tu renascerás - mas quando?
Pode ser que o primeiro tempo gaste
A frágil substância do meu sono.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Ao Longe os Barcos de Flores, Poesia Escolhida por Gastão Cruz, Dita por José Manuel Mendes, Luís Lima Barreto, Luís Lucas, Luísa Cruz, Natália Luiza, Gastão Cruz (org.), Assírio & Alvim/ Sons, 2004.

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