sexta-feira, 28 de agosto de 2009

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1.
na quietude subterrânea das raízes abandonas-te sem metáforas
tu sabes isto e sabes o movimento que cresce do tempo para lá dos relógios de pulso
e não dizes o termo sem inquietude as mãos ensaiando a forma silenciosa da ânfora
que viaja que se afasta que não contém a luz lenta do azeite que se consome nas candeias
nas artérias as moedas a cinza com que apagas a forma das mãos na travessia oriental dos dias

a forma como despes como deixas a saque o que resta e também a memória
de um rosto amado passa sem que te aflijas sem que passes para além da ferida
apenas a retórica a resistência dos gestos nos quartos mais esquivos da memória
pequenas escadas de cantaria por onde sobem música e sombras repetidas na cal
há na palavra a posição fetal para servir o esquecimento antes e depois das metáforas

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