quinta-feira, 13 de agosto de 2009

De um texto intitulado «Relance sobre a Poesia de Edmundo de Bettencourt»

A ambiguidade de uma geração é algo que nasce não dela mesma, como entidade criadora, mas da resistência oferecida pelos seus elementos estáticos. A decifração de um tempo, isto é, a solução da sua ambiguidade, realiza-se mercê dos elementos criativos do tempo seguinte, acção esta que é nada mais nada menos do que a consecução da perspectiva histórica. O comum das pessoas não possui mais do que a aceitação (induzida) das significações. Elas aceitam, por espírito de convenção, o que a história garantiu. A seu respeito não se deve falar, por conseguinte, em conseguimento de uma perspectiva. A compreensão da massa é sempre formal, jamais atingindo a intimidade das forças que tornaram revolucionário certo momento.
Herberto Helder (1999), aqui.

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