domingo, 23 de agosto de 2009

Raindrops
























Esta fotografia foi tirada em 1903, por Clarence Hudson White (1871 - 1925). Chama-se Raindrops. Há qualquer coisa de embevecido e espantado na expressão da criança a olhar para a bola transparente (é isso que me leva a gostar desta fotografia, o espanto divertido que imagino no miúdo diverte-me), que prefigura uma grande gota de chuva estável, coisa que possivelmente o rapazinho nunca mais volta a ver na vida, quanto mais a segurar nas mãos. Há qualquer coisa que nos transmite a noção de um equilíbrio frágil: as mãos do miúdo, a forma como envolve a bola, a transparência da janela em frente e a transparência e tamanho da bola (ou gota).
Podia dizer-se que não há nada na imagem que se assemelhe à vida, que o efeito que se procura é puramente estético: efeito de duplicação (chuva estável dentro e instável fora) ou de representação dentro da representação (chuva dentro da chuva), mas no meio disso creio que há qualquer coisa que «mina» o efeito puramente estético, e penso que é miúdo, a vida desta fotografia está nele, embora ele não seja o centro da imagem.
Clarence Hudson White pertence à geração de fotógrafos (de Stieglitz entre outros) que contribuíram para elevar a fotografia a um estatuto de arte. White era não só um excelente fotógrafo mas também um notável professor de fotografia. Ensinou na Universidade de Columbia em 1907. Embora o trabalho como professor não fosse muito rentável, permitiu a White trabalhar como fotógrafo a tempo inteiro, e parece que ele adorava ensinar. Em 1914 fundou a Clarence H. White School of Modern Photography e nela se formaram fotógrafos como Anne Brigman, Karl Struss ou Dorothea Lange. Um dia mostro-vos a minha fotografia favorita de Struss.
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