sexta-feira, 21 de agosto de 2009

«The Sting», 1973, George Roy Hill















Em 1973, o realizador George Roy Hill juntou Paul Newman e Robert Redford para filmar The Sting, uma história de gangsters passada nos anos 30. Para quem viu filmes desta década parece que a vibe está lá toda. O ambiente do filme, pode parecer disparate, mas recorda-me muitas vezes filmes de Frank Capra.
The Sting é a história de um miúdo inteligente (Redford), que é quase tão rápido a aprender como a perder dinheiro ao jogo e que se quer vingar por lhe terem morto o seu mestre na vida do crime. Neste filme, há ainda espaço para a história de um bandido (Newman) reformado mas cheio de potencial, que vive com a dona de um bar/casa de meninas, e que aceita juntar-se à personagem de Redford para levarem a cabo o golpe da vida deles, com Hooker (Redford) a conseguir pelo meio a sua vingança.
Hill dividiu o filme numa espécie de capítulos em que as transições entre as partes principais são assinaladas por um virar de página com uma ilustração alusiva à parte que se segue, às tantas parece que não estamos a ver um filme mas a assistir a um conto, a história ajuda-nos a criar esse distanciamento (se alguma vez o virem vão perceber porquê).
Neste filme há uma cena em que Henry Gondorff (Newman) e Lonnegan (Robert Shaw) estão a jogar às cartas, Newman vai fingindo estar podre de bêbado, mas entretanto são apostados quinze mil dólares, e no fim ganhou quem melhor fez batota. Redford passa a maior parte do filme a fugir de mafiosos que por ordem de Lonnegan o querem matar, pelo que (aposto) correu muitos quilómetros durante as filmagens. Há uma cena dele a correr em cima de um telhado com o tipo que o está a perseguir a correr de um lado para o outro à medida que lhe ouve os passos, espantosamente bem filmada. Há uma cena em que Hooker dá um passo em falso, avalia mal o carácter da miúda por quem se apaixona, e quase acaba morto. Há um polícia corrupto, e irritante como tudo, que no fim tem o que merece. A banda sonora é muito boa, e dá vontade de dançar, mesmo a pessoas muito pouco musicais, categoria em que me incluo.
A tensão entre Newman e Robert Shaw é constante, mas gerida de uma maneira que nos diverte. É um prazer ver o rosto de Redford enquadrado pela linha do chapéu que usa em quase todas as cenas e que o faz parecer uma daquelas estampas de figuras americanas desenhadas em caixas de chocolate antigas. Ficam abaixo umas linhas do filme (a tal cena em que Hooker se engana pela miúda).

[Loretta] You expect me to come out, just like that?
[Hooker] If I expected something, I wouldn't be standing in the hall.
[Loretta] I don't even know you.
[Hooker] You know me. I'm just like you. It's two in the morning and I don't know nobody.

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