segunda-feira, 20 de julho de 2009

35

rápida a tua sombra
ao cortares pela sebe
ao correres pelo verde
alexandre
para que ele possa voltar a escurecer
na planta dos teus pés a que se agarra
uma força de água por que passas
a força da água que só há
no canto seguro de homens que podem
caminhar em frente

cantos que por vezes te ajudam a respirar
a segar um nervo que dói
quando te sentas de olhos vermelhos
no banco de madeira e escondes o rosto
entre as mãos e queres gritar mas
um imenso silêncio cega-te corta-te
enche-te de cinza tomando-te de assalto
e versos da Ilíada intimamente sufocam-te
a poesia só existe para que mais te doa
quando te afogares nas horas
para que bem vejas o recinto do naufrágio por dentro
o seu rosto grave e fechado de tábua

insepulta alexandre a terra
e tu demasiado escuro à procura do nome que gritado
lhe varasse o peito
com uma força que te levantasse inteiro do chão

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