quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Juntamos toros e gravetos
para a lareira. Na mata
flutua o crepúsculo.
Marcos de luz a findar.

Vagas de zimbro, escórias,
o arpão do esquecimento.
A súbita melancolia da casa.

As janelas abrem para o rio
e a barra da ilha com névoa.
Podias ser tu de céu a céu.

A inquieta certeza da poesia
não admite questões. Descobre-se
ao virar da vinha, quando chegamos
ao tanque e não há ninguém.

Joaquim Manuel Magalhães, Uma Luz com um Toldo Vermelho, Colecção Forma, Presença, 1990

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