quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Animula vagula blandula



Animula, vagula, blandula
Hospes comesque corporis
Quae nunc abibis in loca
Pallidula, rigida, nudula,
Nec, ut soles, dabis iocos...

Ontem lembrei-me deste poema de Adriano, que também é citado numa cena do Satyricon de Fellini, pela personagem interpretada por Joseph Wheeler. Nesta cena filma-se uma espécie de projecção do suicídio de Petrónio dentro da obra de Fellini. Porém, a citação é um anacronismo: Petrónio no momento do seu suicídio jamais poderia ter citado Adriano porque Adriano só viria a existir quase um século depois.
É uma citação deprimente numa cena deprimente, mas que concede uma dignidade imensa à personagem e à cena, que se destacam por isso mesmo na economia narrativa da adaptação de Fellini. Trata-se de uma das cenas mais bonitas do filme.
Uma tradução do poema pode ser encontrada aqui, embora eu tenha algumas reservas em relação às opções do tradutor para o último verso.

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