sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A carne e o sonho

O tempo é mau ladrão: somente rouba ao homem
seus territórios de infeliz mendigo.
Mas se aquelas desditas pudesse recuperá-las,
não voltaria a ser a sombra que foi antes,
mas esse rei lendário que ainda tem que nascer.

O sonho é a matéria de que está feito o deus,
e, como a água ao fogo, aniquila-o a carne.

Francisco Brines, A Última Costa, José Bento (trad.), Assírio & Alvim, 1997

(Como nota lembrar que José Bento é, pelo menos para mim, um dos melhores tradutores de poesia no activo que temos por cá.)

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