domingo, 20 de dezembro de 2009

Há tantas coisas que eu queria escrever nos últimos tempos e não tenho tido [tempo]. Acho que tenho o vício das palavras, é uma coisa que já vem de trás e já não vai passar. Contudo, às vezes penso que há muito poucas coisas que se possa realmente dizer, que valham a pena. Acredito que o acto de falar é uma grande força que gera significado nos dias, os actos são a base disto mas a sua nomeação torna-os mais densos, mais presentes, a linguagem é a civilização dos actos. Queria escrever um post sobre Giges e Candaules e outra sobre Narrativas de Viagens.
Ando a ler o Joyce. Uma das coisas que salta à vista no exercício de leitura de Ulisses é o facto de tudo aquilo ser um imenso exercício de linguagem. Quanto num livro pode ser apenas linguagem pela linguagem, quase despida de factos? E quanto disso pode ser manipulado por um escritor? Stephen Daedalus conquistou definitivamente um lugar entre as minhas personagens favoritas de todos os tempos, uma impressão que tinha começado no Retrato do Artista Enquanto Jovem e que se confirma em Ulisses. Quero ler isto. (Está na estante há décadas.)

4 comentários:

  1. Os últimos textos que li do Joyce pertencem a um livro pouco conhecido , do qual guardo uma edição da Hiena , o ano oitentae um . Falo de «Giacomo Joyce» , pequeno mas magistral exercício de poesia e erotismo , uma pequena viagem a um Joyce licencioso , precário e estrangeiro às portas de Veneza . Tu o leste também ?

    ResponderEliminar
  2. Não ainda não, do Joyce só li o Retrato do Artista Enquanto Jovem,e agora o Ulisses, leitura trabalhosa que me vai levar muito tempo. Mas no Ulisses também há bastante esse Joyce licencioso e precário, (i guess), por exemplo no episódio que na estrutura da Odisseia corresponde ao episódio de Nausícaa, o episódio de Gerty, e no meio disso todo há o olhar satírico dele, o que adensa a coisa. No Retrato do Artista... o erotismo é algo mais atormentado, mais denso. No Ulisses é muito bonito, (pelo menos até onde cheguei) mas marcado por uma certa leviandade.

    ResponderEliminar
  3. Reli Ulisses no ano passado - espanto-me como o consegui lêr aos dezoito : é de facto denso , denso , denso ( e ainda hoje cheio de indecifráveis idiosincrasias , confissão de um iletrado ) . Sobre o «Giacomo» ainda , afianço que vale a pena a leitura , embora seja difícil de encontrar no mercado , sugiro indagues pelas bibliotecas públicas . Bom Domingo !

    ResponderEliminar
  4. Ou mandar vir pela amazon ou pela abebooks (god bless the english readers book markets), muito obrigada pela dica. para mim, também iletrada, é muito muito difícil, não estava há tanto tempo para ler um livro desde Ariosto...

    ResponderEliminar