Desde criança acreditei que não é o homem
que se move mas o cenário, a paisagem.
Foi quando, imóvel, vi desenrolar-se
o lago de Lugano no vaudeville
de um tal Dall'Argine que provavelmente
em homenagem a si mesmo, nomen omen,
não deixou nunca a margem. Depois dei-me conta
do meu pueril engano e agora sei
que volante ou pedestre, estase ou movimento
em nada diferem. Há quem goste de
beber a vida gota a gota ou a jorros;
mas a garrafa é a mesma, não se pode
enchê-la quando se esvazia.
Eugenio Montale, Diário de 72, in Poesia, tradução de José Manuel de Vasconcelos, Assírio & Alvim, Lisboa, 2004.
Isto é magnífico!
ResponderEliminarJinhos.