Analfabetos, entendiam
sem esforço os bonequinhos
na parede, os episódios
aludidos nas vinhetas,
seus ditados e sinais.
Tudo claro, para eles,
tudo íntimo e solene,
nutritivo como pão.
Nós,letrados, percebemos
só depois de compulsar
o Amador Hagiográfico
ou catálogos de símbolos.
Para nós é tudo vago,
duvidoso. Só as formas
nos consolam, e as cores,
a impostura da beleza.
José Miguel Silva, Erros Individuais, Relógio d'Água, 2010.
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