quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

com o cheiro de laranjas agarrado às mãos
avançar contra o baço rumor da vida

em pano de fundo ao lento abrir dos olhos
o verde avança sobre o trigo
como o abrir de uma asa o gesto mais próximo
guarda o outono que percorre a velocidade das primeiras luzes
e te encontra estendido sobre o muro

ao sol da tarde a sombra do rapaz alastra sobre a sebe
avança correndo fora da indistinção dos muros
o movimento dos pés guarda o seu olhar atento
que cresce sobre silvas
a bola continuará a rolar para lá dos seus gritos
outra voz te há-de conduzir a um ponto onde o corpo fica
à mercê da intenção de um remate

em certos instantes se contém
a perplexidade de um movimento esquivo
que corre em pontos fundeados sobre as manhãs
alastra sobre traves
fundações daquele outro cais
onde fica em suspenso a passagem para o inverno

Tatiana Faia

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