Para Dmitri Dmitrievich Schostakovich
O vestígio de um milagre arde dentro dela,
e só o seu olhar, múltiplo e brilhante,
me dirige a palavra, fala-me de perto,
quando outros receiam aproximar-se.
Quando o último dos amigos despediu de mim o seu olhar,
ela veio deitar-se no túmulo a meu lado
e cantou como canta a tempestade,
como se todas as flores começassem a falar.
Anna Akhmátova, in Anna Akhmátova e Marina Tsvétaieva, tradução de António Mega Ferreira, E Cantou como Canta a Tempestade, Assírio & Alvim, Lisboa, 2007. A tradução deste poema é de Filipe Pinto-Ribeiro.
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