Um comboio passa por um espelho e desfaz-se
na memória da pedra. Um homem entra na arena
vindo de um lago, o seu manto azul traz um risco
de sangue como se uma alga vivesse agarrada
aos seus ombros. É o momento da assombração,
uma mulher inclina-se para o sol e o seu corpo
transforma-se num mosaico. Os barcos dançam,
as ondas espalham-se pelas ameias devorando
o anfiteatro. São agora dois os homens e ambos
esmagam as mãos sacrificando-as às aves da noite.
Os seus olhos não alcançam mais do que um corpo
correndo no alto das colinas. O jogo continua, ninguém
vê já os contornos das árvores por detrás das muralhas.
Nem um fumo rasteiro deixado por esse vulto que cai
devagar pelos degraus e enlouquece.
na memória da pedra. Um homem entra na arena
vindo de um lago, o seu manto azul traz um risco
de sangue como se uma alga vivesse agarrada
aos seus ombros. É o momento da assombração,
uma mulher inclina-se para o sol e o seu corpo
transforma-se num mosaico. Os barcos dançam,
as ondas espalham-se pelas ameias devorando
o anfiteatro. São agora dois os homens e ambos
esmagam as mãos sacrificando-as às aves da noite.
Os seus olhos não alcançam mais do que um corpo
correndo no alto das colinas. O jogo continua, ninguém
vê já os contornos das árvores por detrás das muralhas.
Nem um fumo rasteiro deixado por esse vulto que cai
devagar pelos degraus e enlouquece.
Jaime Rocha, Os que Vão Morrer, Relógio d'Água, 2000
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