Espreito na noite esses focinhos... Terão rosto?
...desalojo as sombras, os clarões, o vazio dos olhos,
desenterro uma alma, qualquer coisa, uma lágrima,
a esperança de um remorso, de um coração que cede...
Mas onde estão os olhos? Onde sorriem?
Vejo-os mortos parecendo terem vida
e seguem com um ferro no lugar do coração,
ouço-os quando passam pela rua
como se sente o frio ou o ar que esmorece...
Para onde me voltar?, parece que se vai
a vontade de viver quando eles passam...
E então fujo deles e fujo de mim mesmo,
sigo por aí à procura desses rostos...
Mas ao meu desencontro vem o medo
de ser um deles, de ter entrado
na sombra onda nada se despenha,
na névoa onde os homens só têm piedade.
...desalojo as sombras, os clarões, o vazio dos olhos,
desenterro uma alma, qualquer coisa, uma lágrima,
a esperança de um remorso, de um coração que cede...
Mas onde estão os olhos? Onde sorriem?
Vejo-os mortos parecendo terem vida
e seguem com um ferro no lugar do coração,
ouço-os quando passam pela rua
como se sente o frio ou o ar que esmorece...
Para onde me voltar?, parece que se vai
a vontade de viver quando eles passam...
E então fujo deles e fujo de mim mesmo,
sigo por aí à procura desses rostos...
Mas ao meu desencontro vem o medo
de ser um deles, de ter entrado
na sombra onda nada se despenha,
na névoa onde os homens só têm piedade.
Franco Loi, Memória, António Osório (coord.), Quetzal Editores, 1993
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