Diz-lhe ela: «espera por mim». Ou talvez lhe diga: «vai-te embora, não me procures mais». Lembro-me que este é um filme triste. Ele morre no fim, quando conseguiu reunir tudo o que o podia fazer feliz. Hesita. Volta atrás. Não desiste. Precisa apenas de algum tempo para voltar atrás, mas não tinha desistido. É muito evidente desde o princípio que ele vai morrer no fim.
O filme passa-se em Rimini. Ele tem qualquer coisa de Paolo Malatesta, ela de Francesca da Rimini, ainda que Zurlini identifique a história com uma obra de Stendhal, Vanina Vanini. E, de facto, a personagem de Alain Delon tem qualquer coisa de Pietro Missirilli.
Há uma frase memorável neste filme. Alain Delon faz de professor de literatura. Há uma cena em que ele diz «eu estou aqui para vos mostrar a beleza de um verso de Petrarca, o resto não me interessa». Acho que esta frase explica o que um professor de literatura deve ser.
Todo o filme é muito sobre literatura, mas de uma forma indirecta. Quer isto dizer que, tendo em contas as alusões literárias explícitas que incorpora, o filme deveria ser muito dependente do mundo de alusões literárias em que se movimenta, nomeadamente aquelas que o relacionam com Stendhal (e Dante?), mas nunca se perde de vista que este é um filme sobre emoções, sobre desejo e expiação e sobre uma busca de felicidade destinada a falhar, que está para lá da literatura e se converte numa poderosa imitação de vida, sustentada pelas interpretações de Delon e Petrovna.
Por vezes pergunto-me se este não será o meu filme favorito de Zurlini.
O filme passa-se em Rimini. Ele tem qualquer coisa de Paolo Malatesta, ela de Francesca da Rimini, ainda que Zurlini identifique a história com uma obra de Stendhal, Vanina Vanini. E, de facto, a personagem de Alain Delon tem qualquer coisa de Pietro Missirilli.
Há uma frase memorável neste filme. Alain Delon faz de professor de literatura. Há uma cena em que ele diz «eu estou aqui para vos mostrar a beleza de um verso de Petrarca, o resto não me interessa». Acho que esta frase explica o que um professor de literatura deve ser.
Todo o filme é muito sobre literatura, mas de uma forma indirecta. Quer isto dizer que, tendo em contas as alusões literárias explícitas que incorpora, o filme deveria ser muito dependente do mundo de alusões literárias em que se movimenta, nomeadamente aquelas que o relacionam com Stendhal (e Dante?), mas nunca se perde de vista que este é um filme sobre emoções, sobre desejo e expiação e sobre uma busca de felicidade destinada a falhar, que está para lá da literatura e se converte numa poderosa imitação de vida, sustentada pelas interpretações de Delon e Petrovna.
Por vezes pergunto-me se este não será o meu filme favorito de Zurlini.
«Todo o filme é muito sobre literatura, mas de uma forma indirecta.». Mas que raio quer isto dizer? frases demagógicas?
ResponderEliminarNão, meu caro, isto quer dizer que ao filme correspondem traços muito próprios da tragédia clássica e uma série de alusões literárias mas disfarçada pela circunstância de se passar no séc. XX. e de se tratar de um filme. eu não faço demagogia com aquilo que gosto e, no meu caso, não a aplico à literatura.
ResponderEliminare se tivesse visto o filme, teria percebido do que estou a falar. antes de comentar, e se ainda não o viu, vá ver o filme.
ResponderEliminarÓ minha cara, verdura a sua. Mas dou-lhe uma lição básica: frases vazias de conteúdo só servem ao espelho de quem as usa, pois o que elas querem dizer é rigorosamente nada. Compreende, agora?
ResponderEliminarAcha que a frase não quer dizer nada? Verdura a sua estar a perder tempo comigo, mas agradeço-lhe a preocupação (regra geral confesso que não tenho este efeito nas pessoas).Vá ver o filme, logo percebe como encaixa a informação. Esse seu vocativo é um bocado a atirar para o afectado, estou em crer que o seu problema não é com o texto mas comigo em particular e se relaciona com algum comentário menos simpático meu a determinado texto de uma amiga sua. Não estou a fazer crítica literária nem análise, é apenas um desabafo meu em relação ao filme, ninguém me obriga a provas de profunda erudição e pertinência em tudo o quanto digo, e o tom deste post creio que está de acordo com isso. Eu não começo com uma frase do género: Valerio Zurlini nasceu em... Não estou a falar dos mecanismos do trágico e do literário no cinema em geral e em Zurlini em particular. Mas creio que o senhor não estará interessado em discutir a pertinência da minha frase, só em implicar comigo.Isto é só um blogue e, por sinal, o meu, pelo que escrevo o que me apetecer, não tenho pretensões com este post a informar ninguém, não me intitulo crítica literária ou cinematográfica no meu perfil e quando me apetece escrever um artigo científico e fazer crítica literária sobre um assunto, faço a minha pesquisa e envio o artigo ao meu coordenador na Euphrosyne, onde o meu artigo, que leva vários dias a ser preparado, fica exposto a um contraditório com outros especialistas na minha área. Este post levou três minutos a escrever, dificilmente se mede pela mesma bitola. Essa do ó minha cara dá-me para imagina-lo de mão na anca.
ResponderEliminarPronto, caríssimo, vá,não fique triste, eu acrescentei mais um parágrafo e fiz-lhe o desenho. Muito obrigada pelo seu comentário, levou-me a pensar uma questão que estava implícita e em que ainda não tinha pensado acerca do filme, e por nos honrar com a sua visita. É sempre bom ir medindo o novo público que se vai cativando pelos comentários que nos deixam nestas caixinhas.
ResponderEliminarCara, eu apenas lhe pedi uma clarificação de uma sua frase vazia. Esteve bem no primeiro comentário. Ia agradecer-lhe, não tivesse desabado no segundo. A partir daí mostra vulgaridade e uma agressividade pungentemente ridícula.Falta de encaixe. Por acaso tenho amigos críticos literários, mas onde nunca vi comentário seu. Deveria?
ResponderEliminarNão se preocupe comigo, não me entristeço com essas suas fragilidades e bom trabalho para os seus desenhos infantis. :D
Cumprimentos
LS
Luís (Sampaio), creio que a minha infantilidade será inerente à minha juventude, e tenderá a passar com a idade, o mesmo estou em crer que não se aplicará já ao seu caso. Estou também convencida que vulgar é o seu segundo comentário e este seu último. E que parte de um olhar preconceituoso sobre algo que eu escrevi para extrair ilações em relação à minha pessoa, a qual estou em crer, e felizmente, que o senhor não conhece de lado nenhum. Isto fica patente no seu segundo comentário. O que o senhor deveria ou não deveria é consigo, já o meu poder de encaixe para a parvoíce a mim me compete medir, e devo confessar que é bastante reduzido.Sim, eu sou uma pessoa com uma postura agressiva, agressividade que guardo para quando sou levada a exercê-la, embora não o faça com grande prazer, pois não gosto de provocar as pessoas, coisa que sucede em quase tudo o que implica agressividade, e com cada dos seus comentários ao meu post. Fico feliz por constatar que o senhor não se entristece com as minhas fragilidades, finalmente temos uma coisa em comum: elas a mim também não me entristecem, limito-me a conviver com elas o melhor que posso, pelo que neste ponto estamos de acordo.Continuo a dizer-lhe que se tivesse tecido um comentário informado, ou seja, se tivesse visto o filme, a frase que o senhor classifica de vazia, não seria vazia e faria todo o sentido, e creio que é isto que suscita um comentário «agressivo» da minha parte. Nada a fazer, tenho uma inteligência «agressiva», que sempre é melhor que um comentário evidente e pouco imaginativo a um postezinho de 15 linhas. Já agora, tem a certeza que «demagógico» é mesmo o termo? Não será mais a atirar para o «dogmático»? Mas agora a sério, cumpra o objectivo principal do meu post, que é divulgar um excelente filme e vá vê-lo. Aí teremos matéria para debater as nossas diferentes opiniões sobre o objecto em causa.
ResponderEliminarQuem falou em amigos críticos literários seus? Eu apenas afirmei que fiz um comentário menos simpático a um texto de uma amiga sua...e o seu primeiro comentário paga a minha agressividade porque é, ele próprio, feito de forma agressiva.
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