quarta-feira, 28 de outubro de 2009

(A meio de um poema de Ritsos)

Aqui até os gatos são diferentes,
bravos, pacientes, mudos,
não esfregam o seu focinho no nosso cotovelo,
ficam-estáticos nos nossos joelhos e estudam
estudam a morte,
estudam a tristeza,
estudam a vingança, a determinação,
estudam o silêncio e o amor,
estudam a vida dentro dos nossos olhos,
os não-acarinhados,
os bravos gatos
os silentes gatos de Macrónissos.

E esta lua de Agosto que pende sobre nós
é como a grande palavra que não foi dita
marmorificada na garganta da noite.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

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