Mostrar mensagens com a etiqueta Giánnis Ritsos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Giánnis Ritsos. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

De XX Tristichs

A hallway of doors. A grandfather clock.
The woman came out naked, her hair wrapped in a towel.
She didn't look at the clock. It wasn't that.

*

I will bring this poem to an end
with an eyelash on your cheek
or a butterfly snarled in your hair.

*

You passed me a glass of water
into which you had secretly
dipped your finger.

*


They fed him honey, wine and cheese. They took him
to the arcades. In the hall of mirrors he saw
the young god, naked, his boots laced with gold.


*


Each night, as you close your eyes, the unnameable
stands naked by your bed. It gazes 
down at you and tells you everything.


*


Imagine the restaurant, halogen bright, the clash
of voices, the clash of dishes. Then silence as she
removes her shoes. As she begins to dance.

David HarsentIn Secret: Versions of Yannis Ritsos, Enitharmon, 2012

sábado, 5 de janeiro de 2013

Morning

She threw back the shutters and spread
the bedsheets of the window-sill.

It was broad day. A bird stared back at her.
'I'm alone, I'm alive...' She stood in front of the mirror.

'This too is a window. If I jump,
I'll fall into my own arms.'

David Harsent, In Secret: Versions of Yannis Ritsos, Enitharmon, 2012

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Verso

Un profundo sabor a final precede al poema. Principio.

Yannis Ritsos, Paréntesis/Testimonios I, Icaria Poesía, Román Bermejo (trad.), 2005

Esbozo

Cuando cerraba los ojos, no recordaba nada de ese verano;
sólo un aliento de oro y su anillo calentado;
y además, la espalda desnuda, ancha, tostada, de un campesino
...................................................................................................joven

que entrevió tras los sauzgatillos - a las dos de la tarde,
al volver del mar - olía en torno a vegetación quemada,
A la misma hora se oyeron la sirena del barco y las chicharras.
Las estatuas, desde luego, se hacen mucho mas tarde.

Yannis Ritsos, Paréntesis/Testimonios I, Icaria Poesía, Román Bermejo (trad.), 2005

La araña

A veces, una palabra casual e insignificante
agrega un significado inesperado al poema;
como, por ejemplo, en el sótano abandonado, a donde
nadie baja desde hace tiempo, una botija grande e vacía:
en su boca oscura pasea sin objeto una araña,
(sin objeto para ti, pero quizá no para ella).

Yannis Ritsos, Paréntesis/Testimonios I, Icaria Poesía, Román Bermejo (trad.), 2005

sábado, 22 de maio de 2010

Ritsos dixit

Creio que não é tarefa do poeta o acto de falar sobre poesia, exceptuando diante da poesia, ainda que fosse ele o mais indicado e autorizado para nos dar o fio de Ariadne que nos conduzisse pelo profundo segredo da poesia. É verdade que tem autoridade, sim, mas à sua maneira e na sua língua - a língua da poesia é sintética e a da crítica é analítica, o que significa que esta última é profundamente distinta da língua da poesia. De modo que, quando se pede a um poeta que fale sobre a sua obra em vez de com a sua obra, é quase como se lhe pedíssemos que mudasse de identidade. Além disso, já o disse em outras ocasiões: «A poesia, no exacto grau em que é poesia, diz-nos sempre muito mais, e di-lo de forma muito melhor, do que o muito que nós podemos falar sobre ela.»

Yannis Ritsos no prefácio a Μαρτυρίες, Praga, 15 de Outubro de 1962

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Un rostro

Es un rostro luminoso, callado, solitario,
como una total soledad, como una total victoria
sobre la soledad. Este rostro
te mira entre dos columnas de agua inmóvil.

Y no sabes cuál de los dos te convence más.

Yannis Ritsos, Paréntesis/Testimonios I, Icaria Poesía, Román Bermejo (trad.), 2005

De repente

Noche silenciosa. Silenciosa. Y has dejado
de esperar. Casi había tranquilidad.
Y de repente en tu rostro, sientes tan intenso
ele contacto de aquel que no está. Va a venir. Entonces se oyó
únicamente el golpeteo de los batientes de las ventanas.
Se había levantado viento. Y más abajo la
mar se ahogaba en su propia voz.

Yannis Ritsos, Paréntesis, Testimonios I, Icaria Poesía, Román Bermejo, 2005

Comprensión

Domingo. Los botones brillan en los trajes
como risas pequeñas. Se fue el autobús.
Unas quantas voces animadas - cosa rara
poder oir y poder contestar -. Bajo los pinos
un obrero aprende a tocar el acordeón. Una mujer
ha dado a alguien los «buenos dias», unos «buenos dias» tan
sencillos e naturales
que quisieras aprender a tocar el acordeón bajo los pinos.

Nada de división o resta. Que pudieras mirar
fuera de ti - calor humano y tranquilidad -. Que no estuvieras
«sólo tú» sino «tú también». Una breve suma,
una pequeña operación de aritmética práctica, fácil de entender
que puede hacerla bien hasta un crío jugando con sus dedos a
plena luz;
o tocando este acordeón para que lo oiga la mujer.

Yannis Ritsos, Paréntesis/Testimonios I, Icaria Poesía, Román Bermejo (trad.), 2005

segunda-feira, 22 de março de 2010

Marche

Il a usé ses souliers nuit après nuit cheminant
sur les cailloux des étoiles - cheminant seul
pour l'amour des hommes. Il était fait, cet homme-là
pour le bonheur du monde. On l'a empêché. On lui a
pris.
ce qu'il pouvair donner de plus: sa confiance
en ceux-là même qui le refusaient. À présent
il se promène, deux fois seul, sur la rive. Il regarde. Ne
récolte bien.
Des ombres de barques raient l'or du couchant,
dans le grand silence de la beauté délaissée.
Inachevé, plein d'amertume, je reviendrai frapper à ta
porte.

Yannis Ritsos,
in Correspondances. Anthologie de la poèsie grecque contemporaine: 1945:2000, Michel Volkovitch (trad.), Gallimard, 2000

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Bela mulher
nas mãos o nervosismo
de descobrir aquele desconhecido
que a persegue
que a habita
que sonha com ela -
no canapé esquecidas
as suas luvas amarelas -
a direita hei-de roubá-la esta noite
para encontrar a forma interior da unha
essa mesma que cava desde o princípio
a nossa ferida secreta.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

domingo, 1 de novembro de 2009

Os Modelos

Não esqueçamos nunca - disse - as boas lições, aquelas
da arte dos Gregos. Sempre o celeste lado a lado
com o quotidiano. Ao lado do homem, o animal e a coisa -
uma pulseira no braço da deusa nua; uma flor
caída no chão. Recordai as formosas representações
nos nossos vasos de barro - os deuses com os pássaros e
..............................................................[com outros animais,
e juntamente a lira, um martelo, uma maçã, a arca, as
..............................................................................[tenazes;
ah!, e aquele poema em que o deus, ao terminar o trabalho,
retira o fole de junto do fogo, recolhe uma a uma as
..................................................................[ferramentas
dentro da arca de prata; depois, com uma esponja, limpa
o rosto, as mãos, o pescoço nervudo, o peito peludo.
Assim, limpo, bem arranjado, sai à tardinha, apoiado
nos ombros de efebos todos de oiro - trabalhos de suas
.....................................................................................[mãos
que têm força, e pensamento, e voz; sai - para a rua,
mais magnífico que todos, o deus coxo, o deus operário.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

sábado, 31 de outubro de 2009

Tingirei minha sombra de azul.
Escovarei os dentes
tocarei guitarra.
Tu, esconde-te debaixo da cama.
Eu farei que não sei.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.
Põe os vasos
a toda a volta do poço
em bela disposição
como os poemas
à volta de nada.
Não tem importância
que estejam vazios -
esta é a nossa primeira gentileza
e a última.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

IV, 8 -14

Árvore a árvore, pedra a pedra, atravessaram o mundo,
com espinhos por travesseiro atravessaram o sono.
Traziam a vida nas duas mãos ressequidas como um rio.

Em cada passo ganhavam uma braça de céu - para o
................................................................................[darem.
De sentinela, no alto das guaritas, estavam petrificados como
.......................................................................[árvores queimadas,
e quando dançavam na praça
dentro das casas tremiam os tectos e tilintavam os vidros
............................................................................[nos armários.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Desespero de Penélope

Não é que o não tivesse reconhecido à luz da lareira; não era
pelos farrapos do mendigo, pelo disfarce - não; sinais
......................................................................................[evidentes:
a cicatriz no joelho, a força, a malícia no olhar. Aterrada,
encostando as costas à parede, buscava uma justificação,
só mais um instante de adiamento, para não responder,
para não se trair. Fora então por esse que havia gasto vinte
..............................................................................................[anos,
vinte anos de espera e de sonhos, por este miserável,
este homem coberto de sangue e de barba branca? Atirou-se,
............................................[sem fala, para cima de uma cadeira,
contemplou lentamente os pretendentes mortos, jazentes no
.........................................................[chão, como se contemplasse,
mortos, os seus próprios desejos. E "Bem-vindo" - disse-lhe,
ouvindo, estranha, longínqua, a sua própria voz. A um canto o
...................................................................................................[tear
enchia o tecto de sombras gradeadas; e todos os pássaros
...............................................................................[que havia tecido
com fios vermelhos e brilhantes, poisados nos verdes ramos,
....................................................................................[subitamente,
nesta noite de regresso, mudaram para cinzento e negro,
voando baixo no céu plano da sua derradeira paciência.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

Emersão

Teria, não teria, dezoito anos. Despiu-se todo,
por brincadeira talvez, mas obedecendo a algo
que também nós conhecíamos. Subiu ao rochedo
talvez para parecer mais alto. Talvez julgasse
que a altura cobre a nudez. Não era preciso.
Numa hora dessas, quem se preocupa com a altura?
Distinguia-se na cintura um círculo cor-de-rosa -
sinal do cinto apertado. Assim, até parecia
ainda mais nu. E então, num salto prodigioso,
apesar do frio de Janeiro, mergulhou no mar.
Daí a pouco surgiu de novo, segurando ao alto a cruz.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Restos

Não tenho nada, nem sequer recordo nada - disse.
Uma época sobreposta a outra - cores desmaiadas,
um cheiro a fruta podre, o meio-dia
e a cal deslumbrante. Uma noite,
ao acenderes um fósforo, consegui ver
aquela mancha pequenina, escondida
sob a tua orelha. Apenas isso. O resto,
o vento o arrasta para debaixo das árvores,
juntamente com os guardanapos de papel e as folhas de
.....................................................................................[videira.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.

(A meio de um poema de Ritsos)

Aqui até os gatos são diferentes,
bravos, pacientes, mudos,
não esfregam o seu focinho no nosso cotovelo,
ficam-estáticos nos nossos joelhos e estudam
estudam a morte,
estudam a tristeza,
estudam a vingança, a determinação,
estudam o silêncio e o amor,
estudam a vida dentro dos nossos olhos,
os não-acarinhados,
os bravos gatos
os silentes gatos de Macrónissos.

E esta lua de Agosto que pende sobre nós
é como a grande palavra que não foi dita
marmorificada na garganta da noite.

Giánnis Ritsos, Antologia, Custódio Magueijo (trad.), Fora do Texto, 1993.