sábado, 22 de maio de 2010

Ritsos dixit

Creio que não é tarefa do poeta o acto de falar sobre poesia, exceptuando diante da poesia, ainda que fosse ele o mais indicado e autorizado para nos dar o fio de Ariadne que nos conduzisse pelo profundo segredo da poesia. É verdade que tem autoridade, sim, mas à sua maneira e na sua língua - a língua da poesia é sintética e a da crítica é analítica, o que significa que esta última é profundamente distinta da língua da poesia. De modo que, quando se pede a um poeta que fale sobre a sua obra em vez de com a sua obra, é quase como se lhe pedíssemos que mudasse de identidade. Além disso, já o disse em outras ocasiões: «A poesia, no exacto grau em que é poesia, diz-nos sempre muito mais, e di-lo de forma muito melhor, do que o muito que nós podemos falar sobre ela.»

Yannis Ritsos no prefácio a Μαρτυρίες, Praga, 15 de Outubro de 1962

4 comentários:

  1. apropos

    "Anything which qualifies as a definition of the tragic will do so by virtue of supplying a useful framework for the analysis of tragedy, but something akin to the 'whole conception of life itself', the 'whole philosophy more or less formulated'." (Stephen Halliwell)

    ResponderEliminar
  2. OOPS. "Anything which qualifies as a definition of the tragic will do so by virtue of supplying NOT SO MUCH a useful framework for the analysis of tragedy, but something akin to the 'whole conception of life itself', the 'whole philosophy more or less formulated'." (Stephen Halliwell)

    (era óbvio pela segunda parte da citação, mas ainda assim eh, lol, sorry)

    ResponderEliminar
  3. Sim, ia dar ao mesmo ;)Façam pois boa viagem até cá.

    ResponderEliminar