segunda-feira, 17 de maio de 2010

Filhos-da-mãe

Em casos como este nem sequer vale de nada arregalarmos os olhos no escuro. É horror inútil, e nada mais. A noite de tudo se apoderou, até mesmo dos olhares. Esvazia-nos. Não déssemos as mãos uns aos outros, e cairíamos. As pessoas do dia já não nos compreendem. Separa-nos quanto medo existe, permanecemos esmagados até ao instante em que tudo acaba de uma forma ou de outra; e então, na morte ou na vida podemos juntarmo-nos a esses filhos-da-mãe de todo um mundo.

Louis-Ferdinand Céline, Viagem ao Fim da Noite, Ulisseia, 2010

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