espetadas na minha roupa emprestada
quando um dia de Verão temos de entregá-lo
por baixo de árvores experientes,
os açougueiros embuçados de negro
torsos embalsamados, costas recurvadas,
que páram o cortejo
com um último passo rotineiro
enquanto os cangalheiros - oito longas
patas de aranha seguem
com ele, o coração morto,
colina acima, rangendo
exactos, solenes, impassíveis.
E nós ali de pé, meio desamparados,
com a esperança em fuga desenfreada
e uma pressa incompreensível;
os últimos dez minutos
antes de uma amputação.
Judith Herzberg, O que resta do dia: Antologia de Poesia com um Texto em Prosa, Ana Maria Carvalho (trad.) Cavalo de Ferro, 2008.
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