quinta-feira, 27 de maio de 2010

Frequência

O teu número de telefone martela-me na cabeça
um ressoar ligeiramente agitado. Está em tudo
o que faço, impõe-se enquanto leio
enfia-se por baixo das palavras enquanto
escrevo.
E se o deixar por um momento à solta
corre então para o telefone e liga
para que na tua casa vazia ressoe
um som que ninguém ouve. Talvez
uma chávena vibre com ele se o tom
atingir a sua amplitude.
Quando muito estala uma jarra.

Judith Herzberg, O que resta do dia: Antologia de Poesia com um Texto em Prosa, Ana Maria Carvalho (trad.) Cavalo de Ferro, 2008.

Sem comentários:

Enviar um comentário