sábado, 17 de outubro de 2009

Há um livro que eu amo que começa assim

"Leves e de um azul metálico, movidas por uma brisa contrária suave, quase imperceptível, as ondas do Mar Adriático rolavam ao encontro da armada imperial, quando esta, tendo à esquerda as colinas rasas e cada vez mais próximas da costa calabresa, se dirigia para o porto de Brindisi e então, quando a solidão do mar cheia de sol, mas mesmo assim prenunciadora da morte, deu lugar à pacífica alegria da actividade humana, quando as águas, suavemente brilhantes com a proximidade da existência de homens e das suas casas, se povoaram de variadíssimos barcos, uns que também se dirigiam para o porto, outros que dali saíam, então, quando os barcos de pescadores com as suas velas castanhas estavam precisamente a sair dos pequenos molhes de todas as inúmeras aldeias e povoações ao longo da orla salpicada de branco, para se dirigirem à sua pesca nocturna, então a água ficou quase tão lisa como um espelho; como uma madrepérola, abrira-se por cima a concha do céu, anoitecia, e sentia-se o cheiro a lenha das lareiras, sempre que o vento trazia os sons da vida, uma martelada ou um grito, desde a costa até ao mar."

Alguém adivinha de que livro se trata? (A Tatiana está excluída.)

7 comentários:

  1. A Morte de Virgílio de Hermann Broch. Tradução de Leonor Sá.

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  2. é a da relógia d'água, qual delas é?

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  3. Sim, tens razão, não sei onde fui buscar a Leonor Sá: talvez sejam coisas de relógio.

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  4. Ainda hoje estive a buscar potenciais traduções para uma potencial futura leitura. Curiosíssima coincidência.

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