um eco de voz correndo como se seiva
avivando o quarto vazio a incerteza do espaço
o eco repetindo a forma do corpo
correndo no sangue trazendo para mais perto
a memória do rosto o outro apagando-se no tempo
orfeu olha para trás dele um canto de passagem
que corrói a solidão o corpo silente
orfeu aqui sem canto hesita e perde-se em rios onde
a memória se espraia sem lastro
as pálpebras fechando-se qualquer coisa como noite
mas sem o medo do escuro e regressando sempre
antes de anoitecer a penumbra toca-lhe os braços
apaga-se sem som a última palavra indefesa imóvel
e tu à espera de entrever um canto que incendiasse o espaço
a incerteza a servidão
de repente tão pouco o que pode dizer um homem
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