segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Medea" de Pier Paolo Pasolini, 1969

4 comentários:

  1. Dois posts sobre o mesmo filme em dois dos meus blogues diários! Eu vi a Medeia do Pasolini há coisa de quinze dias (um pouco mais), para um trabalho sobre uma outra Medeia (a do Von Trier) e gostei bastante: sem dúvida um dos meus Pasolini favoritos (mesmo se eu conheço pouco a filmografia dele). A reconfiguração do conflito Medeia-Jasão como a colisão de dois mundos (o sagrado e o racional-moderno) não só ilumina o mito original como nos força a reflectir sobre uma problemática com tanto peso no discurso contemporâneo. E este poster é magnífico (por qualquer razão, ainda não consegui perceber bem porquê, fez-me lembrar o trailer da Lolita do Kubrick).

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  2. Ah! E sabias que o Dreyer (que também era para fazer uma Medeia: o Von Trier trabalha a partir do guião dele, mesmo se o adapta e o faz dele) era para convidar a Maria Callas para o papel? Mal podia ele adivinhar que alguns anos mais tarde o Pasolini o faria. Mas é curioso: dois realizadores, para o mesmo papel, pensam na mesma pessoa. Callas estava mesmo fadada a fazer de Medeia.

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  3. Esta adaptação é mesmo boa. Ontem contaram-me que a Callas decidiu fazer o papel um pouco como "statement" em relação ao fim do casamento dela com o Onassis. Daí talvez no final do poster o "For Maria Callas it'a a natural" :P.Pois eu sei que o Lars von Trier fez essa Medeia a partir do guião do Dreyer, e vou mesmo ter de ver esse filme até ao final da semana. Confesso que as minhas expectativas são altas.

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  4. "...o Lars von Trier fez essa Medeia *a partir* do guião do Dreyer...". Tenho de sublinhar esse «a partir», porque ele tomou várias liberdades em relação ao texto do mestre dele. A morte dos filhos é o exemplo mais gritante. Não te digo como é que eles morrem em Von Trier, mas só para poderes comparar, quando estiveres a ver, no guião do Dreyer a mãe dava-lhes uma bebida (veneno) que os faria fortes como o pai. Adormecia-os cantando uma música de embalar e eles depois, calmamente, durante o sono, pelo efeito da poção, morriam. Absolutamente indolor. A morte dos filhos no Von Trier, pelo contrário, é, sem dúvida, uma das cenas psicologicamente mais violentas de toda a carreira dele (e eu já vi praticamente todos os filmes dele — digamos que eu gosto bastante de Von Trier). Logo me dirás o que achaste, mas espero que as tuas expectativas não fiquem frustradas.

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