Estamos na insónia como diante dum
espelho estilhaçado que fragmenta cada dúvida
em mim - que, nem por serem tantas,
são a dúvida, mas apenas
esquírolas dela, simples peças soltas
dum puzzle não resolúvel
porque faltam outras peças.
Estamos na insónia como dentro duma poça
de água que não tem por onde escoar
e onde a gente, sem saber nadar,
moves os braços ao acaso, na esperança
de diferir a morte (a menos que
fosse depressa e limpa).
É assim que estamos na insónia,
enquanto o vento despenteia e faz sonora
a cabeleira da noite.
A. M. Pires Cabral, Arado, Livros Cotovia, 2009
espelho estilhaçado que fragmenta cada dúvida
em mim - que, nem por serem tantas,
são a dúvida, mas apenas
esquírolas dela, simples peças soltas
dum puzzle não resolúvel
porque faltam outras peças.
Estamos na insónia como dentro duma poça
de água que não tem por onde escoar
e onde a gente, sem saber nadar,
moves os braços ao acaso, na esperança
de diferir a morte (a menos que
fosse depressa e limpa).
É assim que estamos na insónia,
enquanto o vento despenteia e faz sonora
a cabeleira da noite.
A. M. Pires Cabral, Arado, Livros Cotovia, 2009
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