5
Que haja mães que digam que não têm filhos.
Que haja filhos que digam que não têm pais.
Que haja colinas de terra que não dêem sinais.
6
E eu nunca mais verei
A terra donde vim
Nem os bosques bávaros, nem a montanha do Sul
Nem o mar, nem a charneca da Marca, nem o pinheiro bravo
Nem a vinha junto ao rio na Francónia.
Nem ao lusco-fusco da manhã, nem ao mei'-dia
E não quando a noite vem descendo.
Nem as cidades e a cidade onde nasci.
Não as bancas da oficina, e também não a sala
Nem a cadeira.
Tudo isto nunca mais verei.
E nenhum, que comigo veio,
Verá isto tudo uma vez mais.
E eu não e tu não
Ouviremos a voz das mulheres e das mães
Ou o vento sobre a chaminé da pátria
Ou o barulho alegre ou amargo da cidade.
9
Ante as florestas, por trás dos canhões
Nas ruas e nas casas
Debaixo dos tanques, na berma das estradas
Pelos homens, pelas mulheres, pelas crianças
No frio, na noite, na fome
Que todos seremos exterminados
Hoje ou amanhã ou no dia a seguir
Eu e tu e o general, tudo
O que veio pra aqui para devastar
O que foi erguido pela mão do homem.
10
Porque é tal canseira amanhar a terra
Porque custa tanto suor erguer uma casa
Abater as árvores desenhar a planta
Levantar os muros, cobrir o telhado.
Porque cansa tanto, porque era tão grande a esperança.
Bertolt Brecht, Poemas, Paulo Quintela (trad.), Asa, 2007
Que haja mães que digam que não têm filhos.
Que haja filhos que digam que não têm pais.
Que haja colinas de terra que não dêem sinais.
6
E eu nunca mais verei
A terra donde vim
Nem os bosques bávaros, nem a montanha do Sul
Nem o mar, nem a charneca da Marca, nem o pinheiro bravo
Nem a vinha junto ao rio na Francónia.
Nem ao lusco-fusco da manhã, nem ao mei'-dia
E não quando a noite vem descendo.
Nem as cidades e a cidade onde nasci.
Não as bancas da oficina, e também não a sala
Nem a cadeira.
Tudo isto nunca mais verei.
E nenhum, que comigo veio,
Verá isto tudo uma vez mais.
E eu não e tu não
Ouviremos a voz das mulheres e das mães
Ou o vento sobre a chaminé da pátria
Ou o barulho alegre ou amargo da cidade.
9
Ante as florestas, por trás dos canhões
Nas ruas e nas casas
Debaixo dos tanques, na berma das estradas
Pelos homens, pelas mulheres, pelas crianças
No frio, na noite, na fome
Que todos seremos exterminados
Hoje ou amanhã ou no dia a seguir
Eu e tu e o general, tudo
O que veio pra aqui para devastar
O que foi erguido pela mão do homem.
10
Porque é tal canseira amanhar a terra
Porque custa tanto suor erguer uma casa
Abater as árvores desenhar a planta
Levantar os muros, cobrir o telhado.
Porque cansa tanto, porque era tão grande a esperança.
Bertolt Brecht, Poemas, Paulo Quintela (trad.), Asa, 2007
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