domingo, 25 de julho de 2010

Corredor

Se volto cedo
talvez chegue a tempo
do silêncio.
Ou ainda o som dos passos
livres pela rua que desce,
quase cai, livres,
para continuar plana depois.

Antes,
o som metálico das chaves,
as outras e a que abre.
No trinco, e mesmo assim
o silêncio.
Ou ainda a campainha da loja em frente,
quando o vento lhe agita as franjas coloridas,
esse vento ou um mais alto,
na árvore, cortina da sala.

A porta aberta, passagem
demasiado estreita,
metade da casa
é dos outros.
Do meu lado, no fim
do caminho, só o rádio partido
e a luz dos primeiros dias.

Margarida Ferra, Curso Intensivo de Jardinagem, &etc., 2010

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