quinta-feira, 22 de julho de 2010

31

Assim, um dia, viajei para norte
por ímpares estradas, sob o míssil doirado
diversamente chamado sol ou lua,
saber da tua sorte; vim dar
a esta superfície sem desenho
onde a terra e os gelos se misturam
e o silêncio é perfeito e permanente.
Fizeste, do teu rosto, um muro alto,
são dentes os teus dedos, fino seixo
o coração pequeno e ocupado,
e transformaste a língua num bocado
de areia fria misturado ao lixo.
E ainda assim persisto, porque sei
que por amor nos basta o que te tenho.

António Franco Alexandre, Duende, Assírio & Alvim, 2002.

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