Procura, ainda, a vida que podes viver
quando os teus passos reflectem, da floresta
a húmida sombria folha que
no primeiro capítulo do naufrágio
foi perdida. .......Procura
a proporção da fugidia penumbra em que escreveste,
sem cuidado, memória vária
ao redor
a maré sobe e logo desce dentro e fora da
casa. Traz consigo o cheiro intenso do primeiro
encontro; leva depois a lágrima anoitecida
de repetida luz igual. No seu rasto
o corpo, tábua de sal, existe e falece dia a
dia - em incansável piedade. ......Procura
o vibrar da vaga despedida e
na cavidade medida da terra
desce, dos teus passos, o mais profundo golpe.
João Miguel Fernandes Jorge, Invisíveis Correntes, Relógio d'Água, 2004.
Sem comentários:
Enviar um comentário