quinta-feira, 8 de outubro de 2009

escuta eu demoro-me no livro vivo
neste quarto ensolarado perto de villa farnese
da janela vê-se o rapaz que desaparece ao virar da esquina
ágil rápido muda ao partir para um caminhar seguro
ele sabia e eu temi

por ele o gato todo o dia se espoja ao sol
e compõe a penumbra este pequeno tigre
e um hábito de extraviar a incerteza
afia as garras crava-se perto no peito
e cresce sobre nós o silêncio, irmão do esquecimento
trair-me-ás por muitos menos e já na próxima palavra
medra uma memória para durar apenas trinta moedas

dá-me o esquecimento apenas o esquecimento
trair-me-ás sem olhar para trás
um movimento suave como a tarde que cai e sem alma
o deus afasta-se sem mágoa nem queixa
incenso queimando no templo e ele zomba de nós
dele a certeza que não é de escutar

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