Desde a morte da filha, que era tuberculosa, não tinha voltado a bater numa mulher. Vivia sozinho. A sua profissão atarefada não lhe consentia tempo para andar com mulheres, incapacitando-o, além disso, para fazer conquistas. Às vezes deslizava a mão por entre a saia de uma criada e beliscava-lhe a nádega, mas fazia-o com tanta seriedade que deitava completamente por terra as suas já escassas possibilidades de êxito. Nunca chegava às palmadas. Havia anos que andava ansioso por açoitar à sua vontade carne feminina.
Elias Canetti, Auto-de-fé
trad.: Luís de Almeida Campos
Cavalo de Ferro
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