Na secreta topografia das nossas vidas, é-nos revelado que eles - aqueles objectos fortuitos - estão connosco porque mais tarde podem, embora não necessariamente, revelar a sua lógica mais profunda. Ao que parece, os objectos fortuitos são atraídos pelo nosso campo magnético pessoal: de repente, de repente descobrimos um prego e uma corda entre os nossos bens, sem sermos capazes de explicar como ou por que motivo ali foram parar. No fim, simples senso comum, percebemos que o prego está lá para que um dia possamos pregá-lo, que a corda está lá para um dia nos enforcarmos.
Dubravka Ugresic, O Museu da Rendição Incondicional, Sofia Castro Rodrigues (trad.), Cavalo de Ferro, 2011.
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