domingo, 15 de maio de 2011

Paolina Borghese

Canova

Na noite fende o teu perfil egrégio,
agora que o cervo brama no jardim aqui próximo,
e atravessa o cerco do loureiro que abraça
o teu mármore despido: não há um rio
que te afogue a cintura, uma água cálida.
Salta da cama, caia teu diadema,
foge até ao prado. Gesualdo di Venosa
ouve-se em seu clavicórdio.
A perfeição possui vocação de desordem.

María Victoria Atencia, Antologia Poética, José Bento (trad.), Assírio & Alvim, 2000

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