sábado, 28 de maio de 2011

de "tercetos do aleijadinho" (7)

ele dorme, pobre ceifeiro, quando
a goiva e o formão
lhe encontraram

o corpo circunscrito sob
o lenho supérfluo.
desbastando-o

a mão obediente
seguia o intelecto
ao talhar-lhe outro reino

que é da serenidade
deste mundo, pátria às vezes
sensível, melhorável.

dorme no seu anonimato, não
vai enlevado para
parte nenhuma

seu corpo se fez sono
e deus, ou seja,
a palavra poética

ao fim de tudo, é uma
questão de técnica
e de melancolia

Vasco Graça Moura, Artes Poéticas, Edições Asa, 2002

Sem comentários:

Enviar um comentário