como meter o mundo
num poema? traduzir-lhe
a áspera realidade, a doçura
intranquila?
como meter o trabalho
dos homens, os seus dias,
nessas escassas linhas,
seus ócios, seus espelhos,
seus desvarios, suas
catástrofes de amor?
como meter a morte
nas palavras?
só que uma coisa bela
é para sempre uma alegria inquieta.
Vasco Graça Moura, Artes Poéticas, Edições Asa, 2002
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