quinta-feira, 26 de maio de 2011

de nó cego, o regresso (XVII)

como meter o mundo
num poema? traduzir-lhe
a áspera realidade, a doçura
intranquila?

como meter o trabalho
dos homens, os seus dias,
nessas escassas linhas,
seus ócios, seus espelhos,

seus desvarios, suas
catástrofes de amor?
como meter a morte
nas palavras?

só que uma coisa bela
é para sempre uma alegria inquieta.

Vasco Graça Moura, Artes Poéticas, Edições Asa, 2002

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