terça-feira, 6 de abril de 2010

Petrónio, legado da Síria

Em 39-40, Calígula ordenou que se erguesse uma estátua sua no Templo em Jerusalém. Este acto, em si, implicava a profanação da sinagoga, que deixava automaticamente de ser um espaço sagrado.
Tendo ordenado ao legado da Síria, Petrónio, que procedesse às diligências necessárias para a construção da estátua, este imediatamente se apercebeu que a comunidade judaica de imediato se revoltaria contra este acto.
Petrónio era um homem prudente e resolveu atrasar o mais possível a colocação da estátua no Templo. Ordenou a escultores em Sídon que produzissem uma estátua magnificente. Disse-lhes que o tempo não era problema. Entretanto, destacou duas legiões e uma imensa força para auxiliar estas e deslocou-se a Ptolemaïs. Não é possível determinar a data exacta em que Petrónio terá chegado a esta cidade com o seu exército. Muito provavelmente no Inverno de 39.
Milhares de judeus de todas as classes sociais dirigiram-se a Ptolemaïs para implorar a Petrónio que não violasse os costumes dos seus antepassados. Disseram-lhe que, se ele estava determinado a cumprir a ordem de Calígula, eles preferiam ser mortos pelos soldados romanos a submeterem-se à violação das suas leis ancestrais. Disseram-lhe que enquanto estivessem vivos não aceitariam semelhante profanação. Petrónio encolerizou-se: que não era ele o imperador e que era obrigado a cumprir as ordens que lhe eram dadas.
Os judeus responderam-lhe que, tal como ele não podia desobedecer às ordens do imperador também eles não podiam violar um mandamento de Deus.
A história acaba bem. Instado pelo rei Agripa I, seu amigo de longa data e neto de Herodes (o Grande), Calígula acabou por ceder, ordenando que, se a estátua ainda não tivesse sido colocada no Templo até à chegada do emissário com a ordem que anulava o primeiro decreto, não fosse de todo colocada. Se já lá estivesse, deveria ficar onde estava.

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