segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ao sair da infância

Não detivemos a pedra: um pássaro ferido;
não calamos o medo: um rasgão na pele;
não restituímos à luz a serenidade.

É certo que respirávamos,
abríamos as mãos,
esperávamos a noite diante de um livro muito sublinhado.

Até que alguém interrompendo o silêncio
abria a porta do quarto
e dizia: «Já que não sabes rezar
bebe ao menos um copo de leite
antes de te dares ao sono.»

Jorge Gomes Miranda, Curtas-metragens, Relógio d'Água, 2002

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