Estou aqui a olhar para as tuas mãos
e de súbito tudo fica silencioso
os livros na sala ao lado
a máquina do café.
Há uma areia nas palavras
um cais onde se inclinamos a face
a dor emerge como um vento.
À saída do cinema pedi-te o telemóvel
para dizer que iria chegar atrasado
demasiado cedo para o que queria: beijar-te
distante dos difíceis campos devolutos,
atrás da árvore,
o cabelo espelhado na represa.
Jorge Gomes Miranda, Curtas-metragens, Relógio d'Água, 2002
Sem comentários:
Enviar um comentário