Eis que retorno à terra de ninguém,
à minha triste pátria angustiada,
para com ela celebrar alguém
num novo ano pleno de jornada
e cantarei a chuva anunciada
e o fogo fruste e o que lembrado
alumiar ensimesmadas faces
e outras de tenra profecia.
O mito grava, a palavra ofende.
A noite desce, a manhã ascende.
Um novo ano cresce no meu peito,
incerto, adrede, como folha ao vento
ou o vulto-susto de uma adaga,
ó sinistra ave,
ó flor colhida, nomeada,
ó Cristo salvador, meu amor íntimo!
Ruy Cinatti, 56 Poemas, Relógio d'Água, 1992
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